Resenha atrasada mas antes tarde do que nunca, certo? Pois é! Uma leitura super agradável, com um conjunto de abordagens sobre relacionamentos (paternais, fraternais, amorosos, etc). Pete Nelson nos conduz ao mundo do personagem Paul com intimidade, relevância e reflexões.
Autor: Pete Nelson
Ano: 2012
Páginas: 256
Editora: Lua de Papel

* Livro enviado pela editora como cortesia.
Sinopse:
Para Paul, a vida se tornou uma sucessão de obstáculos. Abandonado pela esposa, o pai acaba de sofrer um derrame, sua nova namorada está indecisa entre ele e outro homem e ele se vê obrigado a lidar com questões familiares antigas, coisas que adiou até agora, mas terá de finalmente enfrentar. Por outro lado, ele ainda conta com 3 sustentações em sua vida – as doses no Bay State Bar, seu novo par de tênis (que o lembra de fazer exercícios), e finalmente Stella, sua grande amiga e companheira, que lhe dá sábios conselhos, que não o julga, e lhe dá amor incondicional. Porém, Stella não o acompanha em seu bar favorito. Stella é sua cachorra idosa, uma mistura de Labrador com Shepherd, e ela conhece Paul mais do que ele próprio.
Crédito: Skoob

Preciso compartilhar como acho complicado expressar minha opinião sobre um livro que envolve tanta reflexão sobre relacionamentos! Aliás, relacionamento é uma palavra que exige prática e talvez esse seja um dos motivos que torne relacionamento tão complicado. Mas vamos lá, tentando e aprendendo!
Paul Gustavson é um escritor divorciado, mora em uma pequena cidade universtária às margens do rio Connecticut com sua cadela de raça híbrida – meio pastor alemão, meio labrador amarelo – Stella. Filho caçula, Paul está diante de uma situação que irá mudar sua vida e o relacionamento dele com a mesma: seu pai, sr. Harrold, acaba de sofrer um derrame. Assim, voltar para Twin Cities será um trabalho muito mais ousado do que apenas pegar uma estrada, olhar para seu pai no leito do hospital e torcer para que tudo fique bem. Muito pelo contrário, Paul terá que enfrentar (novamente) o passado e o futuro com sua família.
É difícil imaginar a vida de uma pessoa que sofre um derrame, bem como a vida de todos os familiares e pessoas mais próximas ao paciente. Mas Paul é um filho ausente, afastado e sempre preferiu assim. Seu irmão, Carl, se encaixa melhor na posição de “estou-aqui-para-todas-as-horas”. Elizabeth – ou Bets – é a irmã que está no meio termo, na marcha neutra e assume a posição de “pode-contar-comigo”.
Mas o verdadeiro e confiável ombro amigo de Paul é Stella, a cadela animal de estimação, tão ingênua em relação aos dramas humanos e muito esperta no quesito relacionamentos. O mais legal é que Paul e Stella possuem essa comunicação viável entre si, ou seja, um conversa com o outro. Partindo do pressuposto de que o cão é o melhor amigo do homem, nos entregamos à essa realidade ficcional criada por Pete Nelson.
E o que fazer em relação à Tamsen, sua namorada “estamos-em-aberto”? Tamsen é uma mulher divorciada que vive um relacionamento aberto com Paul há três meses – sem segredos ou omissões. “Não exatamente um verdadeiro romance. Mais uma estranha e mutuamente satisfatória troca de gentilezas”. E sem omissões significa, Stephen na jogada. Tamsen mantém um relacionamento anterior – embora sem perspectivas – com Stephen, o que torna a vida amorosa de Paul bem mais complicada. Além, claro, dela morar em outra cidade (Rhode Island). Convenhamos que toda essa complicação é por pura falta de vergonha na cara, mas tudo bem.
Gente, quantos relacionamentos a serem remexidos, transformados, renovados, não é? Paul é um personagem totalmente depressivo, isso a gente nota nas primeiras páginas. Um cara sem confiança – por causa do seu irmão maioral e seu casamento fracassado, sem estima e vive se culpando – até mesmo por causa do derrame de seu pai.
Por causa de seu irmão, um advogado bem sucedido, um atleta vigoroso e ótimo conhecedor de finanças, Paul se sente a asinha da barata. Você já se sentiu assim, por causa de alguém mais “sucedido” que você? Esse sentimento de pequenez envolve Paul em todos os relacionamentos descritos no livro – exceto com Stella. E não basta isso, Paul está sempre tentando ser melhor (de alguma forma) em relação ao seu oponente Stephen. Que situação mesquinha e fútil, não é? Mas é a vida de Paul.
Enquanto esses relacionamentos não “engatam”, Paul passa os dias no bar do Bay State Hotel, tomando suas doses e compartilhando histórias com seus amigos de bar. Ou seja, Paul é um bêbado que não (re)conhece sua situação de alcóolatra.
Aff, quanta complicação, não é?
E a partir de diálogos entre Paul e Stella, vamos refletir não apenas sobre os relacionamentos de Paul com sua família, sua namorada e a vida mas refletir sobre a nossa própria e tudo o que nos envolve: evolução da vida, mortalidade, confiança e satisfação. Contando a estória em terceira pessoa (narrador onisciente), Pete Nelson cria uma teia de situações que, ao invés de serem simples, se tornam um emaranhado de problemas que Paul precisa desatar. É preciso um passo de cada vez e por mais que isso pareça fácil, para Paul vai exigir muitos sacrifícios. E claro, todos os sacrifícios, no final, oferecem as respostas.
O autor separou os acontecimentos em três partes, de acordo com as estações. Inverno/Primavera, Primavera/Verão e Outono/Inverno. Essa divisão foi bem colocada e a gente sente as mudanças na vida de Paul com o surgir/desaparecer de cada estação.
Um livro super envolvente, que me fez pensar nas situações em que a vida nos coloca ou que nós mesmos nos colocamos – às vezes por vontade própria – e que parecem sem saída, sem direções. Quando tudo parece um deserto ou até o fundo do poço e vai piorando com o passar do tempo, até acharmos que não tem mais jeito. Devemos erguer a bandeira branca? Desistir e nos dar por vencidos? De uma forma surpreendente e por causa de duas palavras – força de vontade – as mudanças despertam, seja em câmera lenta ou em um trem bala. O importante é que não há fim do túnel enquanto estiver vivo, sempre temos algo para aprender, para mudar, para criar, renovar… É a dinâmica da vida!
O livro apareceu na hora certa! Recomendado!
Já que eu fui banida do 4shared pela enésima vez, compartilho com vocês um vídeo com a música que “caiu como uma luva”! Se eu estivesse Fazendo Meu Filme, essa seria a música do trailer!
Um super beijo e até o próximo post!
♥
Pete Nelson
Pete Nelson vive com sua esposa e filho em Westchester, Nova York. Ele conseguiu seu mestrado pela Universidade de Iowa Writers em 1979 e tem escrito tanto de ficção e não-ficção para revistas, incluindo Harpers, Playboy, Esquire, etc.
Publicou 12 romances para jovens, incluindo uma série de seis livros sobre uma garota chamada Sylvia Smith-Smith, que lhe valeu uma indicação ao prêmio Edgar dos Escritores de Mistério da América.
Que lindo. Está na minha lista.
Xxx
@Sara Martins,
*-*
Que bom que gostou Sara! Espero que tenha a oportunidade de lê-lo e compartilhar conosco a sua opinião! \o
Beijinhos!